Os primeiros resultados da operação de rebaixamento do reservatório da UHE Aimorés no início de janeiro, confirmam, mais uma vez, a eficiência das intervenções mecânicas da manobra. A atividade foi concluída com o mínimo de impacto na qualidade da água e redução do aprisionamento de peixes em poças.
A partir das experiências com as operações anteriores, realizadas de 2018 a 2022, foram desenvolvidas técnicas para interligar os pontos de aprisionamento de peixes, criando fluxo de água entre as poças que se formavam durante o rebaixamento do reservatório. “Na campanha de janeiro de 2021, foram resgatados 373 kg de peixes e em 2023 houve resgate de apenas 71 exemplares, com peso total de 4,2 kg”, explica Letícia Lopes, analista de Meio Ambiente da Aliança. Os números demonstram o sucesso da operação em termos de resgate, devido à baixa necessidade de manejo dos peixes.
As intervenções mecânicas funcionam por meio da abertura de novos canais de ligação das poças ao reservatório, com o apoio de uma equipe de biólogos especializados. Isso é possível, devido ao monitoramento dos pontos de aprisionamento, previamente mapeados nas outras campanhas. “Buscando a otimização do monitoramento, utilizou-se também um drone, o que facilitou a visualização de poças que não podiam ser acessadas por barco”, conclui Letícia.
O monitoramento de qualidade da água é outra atividade padrão durante a operação, realizado com frequência diária, com início um dia antes do rebaixamento do reservatório e conclusão no 10º dia após seu término. Dessa forma, o monitoramento fornece um cenário das condições da qualidade da água do reservatório antes, durante e depois da manobra. “Conseguimos avaliar qual a influência direta da operação nos parâmetros monitorados, que apresentaram valores dentro do esperado e similares às outras campanhas”, esclarece Letícia.
Desde novembro de 2022 a operação de rebaixamento do reservatório da UHE Aimorés virou regra operativa, visando garantir a segurança da cidade de Resplendor/MG para cheias do rio Doce. Ela pode ser realizada quando a condição hidrológica permitir, com vazões superiores a 2.000 metros cúbicos por segundo. A outorga foi emitida a partir de cálculos e de experiências práticas que indicaram a cota 88,5m – rebaixamento de 1,5m – como ideal para o melhor resultado com o menor impacto. O esperado com cada operação é transportar os sedimentos acumulados em locais que interferem no nível do reservatório em frente à cidade de Resplendor e reposicioná-los em locais que não trazem riscos para a cidade. Em 2022 foram realizadas duas operações com resultados considerados excelentes para a proteção de Resplendor. Importante destacar que a operação não potencializa ou causa enchentes nas cidades abaixo da barragem, pois o reservatório é rebaixado antes da chegada das grandes vazões. Quando essas vazões atingem as cotas de inundações, apenas continuam seguindo seu fluxo natural, da mesma forma como chegam pela bacia do rio Doce. Somente em Aimorés é possível reduzir os efeitos das inundações, uma vez que parte dessa água é desviada da cidade para a geração de energia. |
